Para garantir envolvimento do público, o cinema lança mão de adaptações de livros, histórias do cotidiano, quadrinhos, séries de TV, videogames, peças de teatro…
Tudo que implique em uma narrativa que pode ser transformado em filme.
Para isto, toma posse de gêneros, que classificam o tipo de filme que se assiste, a saber:
Ação: caracteriza-se por privilegiar estrelas famosas; sofisticados efeitos especiais; cenários suntuosos, exóticos ou grandiosos (já assistiu a algum filme da personagem 007?); cenas e sequências de intensa ação.
Os heróis e os vilões são claramente caracterizados e contrapostos (Homem-Aranha x Duende Verde); simplismo e o maniqueísmo tendem a prevalecer (lembra-se do filme Rambo – programado para matar?).
Comédia: tende a fazer ressaltar as fragilidades do ser humano; são diversos os recursos de que se vale: o exagero, o equívoco, o absurdo, o insólito, o escatológico, o anacrônico, o agravamento, o recrudescimento, a descontextualização, o imprevisto – assistiu a algum dos filmes Loucademia de polícia?
Drama: o seu objeto é o ser humano comum, normal, em situações cotidianas mais ou menos complexas, mas sempre com grandes implicações afetivas ou causadoras de inescapável polêmica social; propensão ao realismo, com fim de reflexão sobre a sociedade.
A caracterização das personagens adquire, no drama, contornos de especial complexidade – você assistiu ao filme Histórias Cruzadas?
Fantástico: é aquele em que a causalidade mais se afasta das premissas realistas e das leis comuns do cotidiano; a magia e a religião surgem constantemente como motivo e como contexto deste gênero.
Trata-se de um gênero que nos permite viajar ao passado, atravessar épocas e continentes, descobrir lugares puramente imaginários – lembra-se do filme História sem fim?
Ficção científica: toda ficção criada neste gênero deve tomar como inalienáveis as premissas do conhecimento científico vigente ou expectável acerca de um determinado fato ou fenômeno.
Podemos considerar ficção científica todo relato que discorre sobre mundos e acontecimentos possíveis a partir de hipóteses logicamente verossímeis — você viu o filme Mad Max – estrada da fúria?
A narrativa centra-se muitas vezes em um questionamento das consequências dos avanços tecnológicos e científicos sobre o destino da humanidade — daí o cinema pós-apocalíptico, como em The day after.
Film noir: visualmente, um aspecto se torna imediatamente perceptível: a fotografia em preto e branco, altamente contrastada, com nítidas influências do expressionismo alemão.
Além disso, o lado sombrio das personagens torna-se, ironicamente, através do jogo de penumbras, o seu lado mais exposto e, paradoxalmente, transparente; como responsável principal da trama, encontramos a femme fatale, sensual e impecavelmente vestida — viu o clássico A dama de Shanghai?
Há uma geração nova desse gênero (neo noir), como o cinema dos irmãos Cohen (Onde os fracos não têm vez).
Musical: atribui à banda sonora uma extrema importância, que em nenhum outro gênero encontra paralelo — assistiu ao filme La La Land?
A música não se sobrepõe à trama a partir do seu exterior, mas surge a partir da própria vivência das personagens e determina os seus comportamentos — lembra-se do musical Mama Mia?
Os momentos, os números ou as sequências cantadas e dançadas pelos protagonistas são, portanto, o elemento formal distintivo do musical — viu Chicago?
Os valores de produção usualmente se tornam mais manifestos, com coreografias de grande sofisticação e dimensão, cenários luxuriantes e grandiosos e uma paleta cromática de grande espetacularidade — assista ao filme Moulin rouge e observe essas características.
Terror: o seu apelo e o seu fascínio para o espectador provêm, ironicamente, da incomodidade e do desconforto que provoca neste.
Em termos iconográficos, este é, seguramente, um dos gêneros mais inventivos, ainda que um conjunto de clichês tenda a se estabelecer e permanecer ao longo de um ciclo de filmes determinado — como, por exemplo, o nevoeiro ou as lâminas — lembra-se de O Iluminado?
Caracteriza-se pela centralidade narrativa e dramática da vítima, com a qual o espectador é convidado a identificar-se, muitas vezes através da assunção do seu ponto de vista; a tendência de muitos filmes para a apresentação explícita e muitas vezes exagerada dos efeitos físicos e psíquicos da violência sobre as vítimas – assistiu ao filme O Exorcista? E ao Bebê de Rosemary?
Thriller (suspense): cria-se no espectador uma intensa excitação e nervosismo; há uma instauração e perpetuação constante da dúvida sobre o desfecho dos acontecimentos e sobre o destino das personagens.
Apresenta-se uma sugestão verossímil, mas enganosa, de expectativas; as personagens atravessam a história numa situação de risco quase fatal e de perigo iminente.
A corrida contra o tempo e a deriva labiríntica desenham um gênero de jogo mental que é proposto ao protagonista — claro que temos que mencionar o nome Alfred Hitchcock, pai deste gênero, e, atualmente, Jordan Peele.
Western: é um retrato do oeste americano, da expansão da fronteira da civilização, da instauração da lei e da ordem, muitas vezes à custa das populações indígenas, tantas vezes deturpadamente retratadas.
Basta assistir ao filme A Conquista do Oeste. O herói (o caubói) impoluto, indomável e implacável conheceu no western a sua mais feliz encarnação nos tempos modernos.
Temos o cavaleiro solitário rumo ao pôr do sol, as roupas de vaqueiro ou a farda do exército, as botas pontiagudas e o lenço no pescoço, o chapéu branco ou preto, símbolos do bem e do mal, as pistolas e os cantis, a indumentária e maquiagem características das tribos indígenas, dos seus gritos de guerra e das suas armas, o arco e a flecha.
Estes são alguns dos gêneros que o cinema criou ao longo de sua história, considerando os seguintes critérios para classificá-los:
• Narrativa: tramas, premissas e estruturas parecidas; situações, obstáculos, conflitos e resoluções previsíveis;
• Caracterização das personagens: tipos semelhantes de personagens (próximos ao estereótipo), com qualidades, motivação, objetivos e aparência similares;
• Temas básicos: os filmes são sobre temas semelhantes, frequentemente em contextos históricos, culturais e sociais semelhantes;
• Ambiente: o lugar geográfico ou histórico onde a trama se passa é o mesmo;
• Iconografia: uso de ícones semelhantes — objetos, atores, atrizes, cenários; uso de certos tipos de linguagem e terminologia;
• Técnicas e estilo: iluminação, paleta de cores, movimentação de câmera e enquadramentos semelhantes.