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Logos Hope – A Intolerância atracada

Logos Hope – A Intolerância atracada

Em textos amplamente divulgados pela Internet, um ato de intolerância de proporções inimagináveis, vem embarcado em um navio, cuja finalidade principal, segundo seus proprietários, é resgatar a leitura, através do oferecimento de livros, por preços diferentes dos encontrados em livrarias.

O G1 publicou:

A organização internacional cristã Good Books for All Ships (GBA Ships), responsável pelo navio Logos Hope, considerado a maior livraria flutuante do mundo, fez uma publicação nas redes sociais pedindo orações aos seguidores ao anunciar uma viagem da embarcação para Salvador.

O navio chegou na capital baiana na quinta-feira (24) e a postagem foi feita na última terça (22). No texto, a organização justifica os pedidos de oração relatando que a “cidade é conhecida pela crença das pessoas em espíritos e demônios”.

“Rezem por um embarque seguro e por uma navegação de dois dias direto para Salvador. Rezem por proteção, força e sabedoria para os tripulantes durante a estadia do navio em Salvador – uma cidade conhecida pela crença das pessoas em espíritos e demônios. Rezem para a equipe de eventos, que se prepara para um novo porto, e que Deus possa ser glorificado ao longo de cada um dos eventos que virão”, diz o texto.

As ações coadunam com uma simples citação bíblica:

Homens de pouca fé…

Se são eles o suprassumo das religiões, qual a necessidade de pedir proteção? Não confiam eles no “Deus” que os protege?

Seríamos nós, negros, de religião de matriz africana, tão temidos a ponto de precisar pedir proteção, para ser recebido em nossas águas, em nosso porto?

A cada dia que passa, faço eco ao que dizia Einstein:

“Acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe e não no Deus que se interessa pela sorte e pelas ações dos homens.” (https://neybarbosa.jor.br/deus-ou-a-natureza-de-spinoza)

E faço também uma reflexão, numa pergunta feita por um amigo pessoal, israelense, na década de 90:

“Teria o Deus criado o Homem, ou o Homem criado Deus?”

E faço minhas as palavras abaixo, cuja assinatura vai no final do texto:

“Sabem moços e moças deste navio flutuante, com pretensão de ser literário, costumamos receber bem quem aporta por aqui. Mas confesso, cultuamos coisas que vocês não iriam alcançar facilmente…

Eu entendo o porquê de acreditarem que temos demônios com a gente. Afinal, aqui nasceu um poeta e escritor apelidado de “Boca do Inferno”, ( é mais fácil se buscarem no Google por Gregório de Matos).

Também somos conhecidos por termos o diabo no quadril como canta a música. Mas na letra também diz que temos Deus no coração.

Temos mais!

Temos atabaques, fé em Senhor do Bonfim, Ijexá, Afoxê, procissão de Bom Jesus dos Navegantes, filhos de Gandhi.

E, pasmem, meus senhores: a primeira Santa Brasileira do planeta, nós temos também!

É que nós somos plurais, sabem? Aqui o sincretismo fez morada!

Eu não sei se vocês sabem o que é sincretismo religioso. Não sei se vocês têm uma estante neste navio destinada à fé e ao respeito às muitas crenças, todas juntas e misturadas. É muita diversidade, eu sei!

A diversidade aqui tem um quê de sagrado. Eu sei que “Narciso acha feio o que não é espelho”(busquem por Caetano no Google, ajudará a entenderem melhor). Mas eu acho que talvez tenham perdido uma oportunidade única de absorverem o quão belo é o amor que busca não segregar.

Porque é incrível ter dendê nas veias, sorriso no rosto e proteção de todos os Santos e Orixás num mesmo estado de espírito.

A Bahia é um estado de espírito que só quem vive entende. Quem não se permite conhecê-la, não sabe o quanto Deus é baiano.

Vão com Ele, irmãos. Vão em paz.

Vão atracar seus preconceitos em portos que os comportem.

Não podemos descer ao estado evolutivo no qual se encontram.

Não podemos retroceder, é a lei da vida (isto deve ter nos livros das suas estantes).

Por aqui costumamos dizer que, quando uma oferenda não agrada à Yemanjá, ela a devolve. Vocês estão sendo devolvidos!

Mas quando estiverem prontos, prontos também estaremos para recebê-los e abençoá-los como tão bem sabemos fazer.”

(Lilian de Alencar)